domingo, 27 de março de 2011

Babesia

Babesia é um gênero de protozoários que parasitam vários animais domésticos, entre eles, equinos, bovinos e caninos. São encontrados em hemácias na forma de merozoítos. Em bovinos, as espécies B. bovis (pequena babesia) e B. bigemina (grande babesia) são transmitidas por ninfas e larvas, respectivamente, de carrapatos da espécie Boophilus microplus. Em equinos, as espécies B. equi (pequena babesia) e B. caballi (grande babesia) são transmitidas por ninfas e larvas de carrapatos do gênero Anocentor e/ou da espécie Amblyoma cajenensis. Em cães, a B. canis é transmitida por carrapatos da espécie Rhipicephalus sanguineus. Em todos os casos, a transmissão é do tipo transovariana.


Temida, com razão, por todos os proprietários de cães, a babesiose ou piroplasmose, como também era designada pelos veterinários, pode ser mortal. Embora seja possível curá-la, é melhor preveni-la, como tantas outras doenças.

Transmitida pelos carrapatos, a babesiose (antigamente denominada piroplasmose ou também "nambiuvu") é uma doença do sangue causada pela Babesia canis, um protozoário que parasita os glóbulos vermelhos e os destrói, multiplicando-se. Portanto, a doença é acompanhada de anemia (anemia hemolítica). Pode ser mortal.

Os carrapatos preferem os climas quentes e úmidos, como o da bacia mediterrânea ou dos Trópicos, onde se encontra a maioria das setenta espécies conhecidas. No Brasil, a babesiose é bastante comum nos estados do Nordeste brasileiro, e menos comum nos do Sul e Sudeste

Cuidados com os carrapatos

O Rhipicephalus sanguineus é o popular carrapato do cão. Entretanto, eventualmente nas chácaras, sítios, fazendas, etc., aonde existam outras espécies animais (galináceos, eqüinos, porcos, etc.) o cão pode vir a ser parasitado por outras espécies de carrapatos (Argas miniatus, Dermacentor nitens). O Rhipicephalus sanineus, de coloração marrom avermelhada, é muito cosmopolita, além de infestar os cães, ele é encontrado no meio ambiente (residências, canis, muros, madeirame dos telhados, batente das portas, cascas de árvores, etc.) Os carrapatos e principalmente seus ovos são muito sensíveis à incidência dos raios solares e por isso se abrigam nas frestas, buracos, depressões, etc. O carrapato do cão pode andar sobre o corpo do homem, porém é incapaz de parasitá-lo.

Pelas suas características, os carrapatos são parasitas obrigatórios e temporários. Obrigatórios, porque não podem viver sem o hospedeiro, que lhes proporciona o sangue necessário para continuarem o seu ciclo de desenvolvimento, uma vez que se instalaram na sua pele (regiões onde esta é fina: orelhas, pregas do abdômen, espaços interdigitais). Temporários, pois, quando terminam de chupar o sangue, os ácaros abandonam o hospedeiro.

Cada carrapato fêmea adulta é capaz de pôr entre 3.000 e 5.000 ovos, após a postura e incubação, que ocorrem no meio ambiente, estes ovos irão dar origem às larvas hexápodes (que possuem 3 pares de patas) que são muito ativas e resistentes. Elas irão imediatamente procurar um cão para se alimentarem. Depois de uma ingestão de sangue que pode durar de 3 a 6 dias, a larva repleta solta-se e cai, e se transforma em uma ninfa aclópode (com 4 pares de patas), esta ninfa por sua vez também procurará um cão para se alimentar e uma vez saciada cairá e sofrerá uma nova mudança para se transformar em um adulto jovem sexuado, igualmente oclópode. Esse jovem por sua vez também irá procurar um cão para se alimentar e tornar-se adulto. O acasalamento produz-se sobre o hospedeiro, durante a ingestão de sangue, que pode durar até dez dias. Depois, a fêmea repleta de sangue parte à procura de um meio favorável para pôr os ovos (solos, celeiros, buracos nos tetos, etc.).

O carrapato é infectado quando bebe sangue de um cão doente ou portador crônico e, uma vez ingeridas as babésias, estas instalam-se, seletivamente, no tecido ovariano dos carrapatos fêmeas, e contaminam os ovos, onde se multiplicam por divisão binária. Depois de terem contaminado os vários tecidos das larvas e das ninfas, os protozoários fixam-se no adulto, principalmente nas glàndulas salivares, onde se multiplicam ativamente. Esta localização favorece a inoculação das babésias quando o carrapato se fixa na pele do hospedeiro.

O cão doente

Aos sintomas, facilmente perceptíveis, e que traduzem uma séria anemia, acrescentam-se, às vezes, perturbações da coagulação, insuficiência renal aguda e perturbações nervosas.

Direta ou indiretamente, a Babesia canis está na origem de todos esses sintomas que, na falta de tratamento, podem levar à morte. O diagnóstico da babesiose canina baseia-se na descoberta e na localização do parasita, através de microscópio, em esfregaços sangüíneos. A doença não confere qualquer imunidade duradoura e as recaídas podem ser freqüentes deixando, às vezes, graves seqüelas hepáticas e renais

A Cura

O tratamento da babesiose comporta dois aspectos. Por um lado, combate o parasita causador e, por outro, corrige as desordens e complicações produzidas pela doença.

Atualmente, os veterinários têm à sua disposição piroplasmicidas capazes de destruir o parasita. Durante os minutos que se seguem à sua aplicação, podem surgir efeitos secundários mas que não apresentam qualquer perigo. O tratamento das complicações da doença, que é indispensável, consiste habitualmente na correção da insuficiência renal (por diferentes meios, entre os quais a hemodiálise, ou seja, o rim artificial). As vezes, é necessário tratar as perturbações da coagulação, a icterícia...

Prevenção

Tanto os esforços do dono como os do veterinário devem procurar, acima de tudo, prevenir a doença lutando, por um lado, contra os veículos da babesiose canina, ou seja, os carrapatos. Na Europa existe uma vacina porém infelizmente ela não é muito eficaz. A profilaxia sanitãria (luta contra os carrapatos) impõe a desparasitação, tanto dos lugares contaminados como do próprio animal. Para este último, dispõe-se de numerosos meios: pós, sprays, banhos antiparasitários, coleiras, medicamentos orais. Algumas substâncias químicas, geralmente utilizadas, são tóxicas e têm efeitos secundários. E melhor não utilizar tais produtos sem a aprovação do veterinário. E muito importante o combate ambiental, pois assim como as pulgas eles utilizam o cão como fonte de alimentos.

Bastante eficaz é o emprego de "vassoura de fogo" ou "lança chamas" sobre muros, canis, estrados, chão, batentes, pois elimina radicalmente todas as fases do parasita.

Sintomas que não enganam

Algum carrapato mordeu o seu cão? O mais prudente é observar o animal durante três ou quatro dias. 
A doença traduz-se por:  
Um enorme abatimento;
febre; 
grande cansaço; 
urina escura ("cor de café"); 
mucosas de cor amarelada antes de se tornarem "branco de porcelana ".

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